/ESTRUTURA: Unidade de AVC completa dois anos com quase 700 atendimentos

ESTRUTURA: Unidade de AVC completa dois anos com quase 700 atendimentos

Referência em Alagoas para o tratamento da doença, serviço conta com dez leitos equipados

por Neide Brandão – Agência Alagoas

Com uma proposta de cuidado multiprofissional para o tratamento emergencial do Acidente Vascular Cerebral (AVC), a unidade de AVC do Hospital Geral do Estado (HGE) garante o tratamento específico para a doença, com protocolos específicos e o que há de melhor para a assistência hospitalar na área.

Nos dois anos de existência, 696 pessoas foram atendidas na unidade que é referência em Alagoas para o tratamento da doença, a maioria delas do sexo masculino, 379 homens. Os dados estatísticos da área comprovam que a doença vem atingindo mais os idosos, 434 dos atendidos na UAVC tinham mais de 60 anos.

“Na realidade, a doença pode acometer pessoas em qualquer faixa etária, porém é predominante nas pessoas com idade mais avançada que pode deixar as maiores sequelas”, explicou a médica neurologista, Simone Silveira, coordenadora da Unidade de AVC desde sua inauguração há dois anos.

De acordo com a especialista, a unidade foi cuidadosamente planejada para agilizar a assistência do paciente vítima de acidente vascular, minimizando as sequelas tão comuns da doença. O acidente vascular cerebral é considerado a principal doença relacionada com incapacidades. Aproximadamente 10% dos pacientes morrem no primeiro mês após o evento. Ao todo, cerca de outros 40% morrem no primeiro ano após o AVC.

“A luta contra o tempo para as vítimas de AVCs é terrível. A orientação é que, identificados os primeiros sintomas, a pessoa seja encaminhada para o HGE o mais rápido possível”, afirma a médica.

Segundo ela, dentro desse intervalo é possível se aplicar o fármaco capaz dissolver de emergência o trombo que obstrui a artéria e, assim, normalizar o fluxo sanguíneo. “Se a medicação for ministrada dentro das 4h30, as chances de evitar as sequelas aumentam em 30%. Através dela, o paciente com um AVC isquêmico pode ter o coágulo desfeito. Fechada a janela terapêutica, o trombolítico tem seus benefícios reduzidos e os riscos elevados”, explicou.

A área – Com a proposta de agilizar a assistência do paciente vítima de AVC, minimizando possíveis sequelas da doença, a Unidade foi inaugurada dia 21 de julho de 2015. São dez leitos equipados com aparelhos modernos, um deles permanece sempre livre para a trombólise, procedimento de aplicação do trombolítico.

“Por entendermos que a emergência pode acontecer a qualquer momento e quanto mais tempo demorarmos, mais sequelas a vítima de AVC pode sofrer, este leito fica disponível para o procedimento. Quando um suspeito da doença é trazido pelo Samu, pelo Município ou por populares, nós somos rapidamente acionados logo na porta de entrada”, explicou a coordenadora.

A doença – O AVC é a doença neurológica mais temida e sua principal arma é a prevenção. Controlar a pressão arterial, o diabetes, colesterol, evitar o tabagismo e o sedentarismo são algumas das recomendações. Para as mulheres, as orientações se estendem ao uso de anticoncepcionais e reposição hormonal depois da menopausa. Ambos têm sido relacionados a um aumento de risco para doenças cardiovasculares em geral, incluindo o AVC.

Socorrido pela ambulância de seu município, em Arapiraca, o aposentado Antônio dos Santos, de 63 anos, chegou ao HGE quase fora do limite de tempo para a utilização do trombolítico. “Não lembro muito, sei que estava em frente de casa e, de repente, comecei a me sentir mal. Não conseguia mais mexer nada, nem conseguia falar. Então me levaram para hospital da região e depois para o HGE”, relatou.

Ele já está em casa em recuperação, o AVC atingiu todo o lado direito, mas, com o uso da medicação, praticamente não existem sequelas. Antônio recebeu assistência no hospital e agora vem fazendo fisioterapia para recuperar completamente seus movimentos. Histórias como a do senhor Antônio revelam que o êxito na assistência é consequência também de uma equipe entrosada, que discute sobre o caso clínico dos pacientes, estudam juntos e buscam constantemente melhor assisti-los.

“A assistência às vítimas de AVCs em Alagoas era falha e muitos doentes não sabiam onde encontrá-la. Agora, cada vez mais a doença está sendo conhecida e os alagoanos já sabem onde encontrar o tratamento pelo Sistema Único de Saúde”, comemorou a supervisora médica, Janaína Gouveia.