Nos veios da memória traz coletânea dos xilógrafos Enéas Tavares, Luiz Natividade e João Gomes de Sá
Em parceria com o Governo de Alagoas, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Maceió, abre nesta quinta-feira (21), às 19h30, a exposição Nos veios da memória, com as obras dos mestres da xilogravura de Alagoas, Enéas Tavares, Luiz Natividade e João Gomes de Sá.
O intuito da exposição é valorizar a xilogravura e os mestres xilógrafos locais e contribuir para a preservação desta arte em Alagoas, expandindo o conhecimento, sobretudo entre crianças e jovens, e fomentando apoios, espaços e públicos para essa expressiva manifestação da cultura popular nordestina.
“Apoiamos qualquer ação que reforça nossa identidade cultural, no âmbito das artes visuais, realizando esta mostra especial com a obra de três artistas, além de oficinas, ministradas por Luiz Natividade, para grupos de estudantes de unidades da Rede Estadual de Ensino”, afirmou o secretário estadual de Comunicação, Enio Lins.
A xilogravura é uma técnica milenar, de origem chinesa que ganhou força no Brasil e se tornou muito popular na região Nordeste, onde estão os mais renomados xilogravadores do país. Além da forma original, é frequentemente utilizada para ilustração de textos de literatura de cordel, uma vez que alguns cordelistas são, também, xilogravadores ou vice-versa. Através do entalhe na madeira, os mestres xilógrafos contam e imprimem histórias de vida que se perpetuam como registro e identidade cultural.
Desta forma, o Governo de Alagoas, por meio da Comissão Mista Especial do Bicentenário, entende que a exposição integre as celebrações do Bicentenário de Emancipação Política de Alagoas.
A exposição Nos veios da memória ficará no Iphan durante um mês a partir da data de abertura e pode ser visitada das 9h às 17h de segunda a sexta.
Artistas
João Gomes de Sá é natural de Água Branca, no sertão alagoano, Sá é formado em Letras pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), mas vive em São Paulo há anos onde transmite através da poesia popular, literatura de cordel, e xilogravuras, as manifestações de cultura do Nordeste brasileiro.
“Para mim é uma grande honra entrar na programação do Bicentenário do Estado e também é uma ótima oportunidade de mostrar o trabalho que faço há 30 anos aos alagoanos que ainda não conhecem minha obra”, disse.
“Este é o momento para se debruçar sobre nossa cultura, em busca das raízes mais profundas, reavivar e fortalecer o amor próprio da população alagoana”, completou o secretário Enio Lins.
O artista João Gomes de Sá foi convidado pela editora Nova Alexandria a adaptar clássicos da literatura mundial em formato de cordel, como O corcunda de Notre-Dame, de Victor Hugo, e A Metamorfose, de Franz Kafka.
Já pela editora Volta e Meia, lançou Alice no País das Maravilhas em Cordel, baseado na obra de Lewis Carroll, e Meus versos adolescentes. Graças ao sucesso livro O corcunda de Notre-Dame em cordel, em 2008, a publicação foi selecionada pelo Ministério da Educação para o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) para composição de acervo das escolas públicas.
Luiz Natividade
Poeta, desenhista, pintor, xilogravador e escritor, Luiz Natividade é natural de Junqueiro, interior de Alagoas, mas foi na Bahia que se estabeleceu com sua família ainda criança. Lá também ficou conhecido e reconhecido por seu trabalho.
Formou-se em Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Escola de Belas Artes, em 1993, e atualmente faz mestrado em Arte e Educação na UFBA. Já realizou mais de 50 exposições.
O artista é idealizador do projeto “Natividade de Xilogravura”, que levou a arte milenar a vários estados do Brasil, ministrando cursos, oficinas e palestras de xilogravuras. Tornou-se empreendedor individual em 2010 com literatura e cordel, trazendo a Mini Literatura de Cordel e o manual de xilogravura. Realiza oficinas de xilogravuras e exposições de poemas de cordel em diversos eventos culturais na Bahia e em outros estados.
Enéas Tavares
Filho de pai pobre e órfão de mãe, Enéias nasceu poeta, mas desde muito cedo começou a lutar pela vida em sua terra natal, Marechal Deodoro e depois pelo mundo a fora. Para sobreviver aprendeu a fazer quase tudo. Foi carvoeiro, trabalhador braçal, balconista, biscaiteiro, vendedor ambulante e outras tantas atividades que lhe renderam uma extraordinária vivência de mundo. Essa experiência de vida aliada a verve de poeta de rima rápida fizeram de Enéias um dos maiores poetas populares de Alagoas e do Nordeste. Tenho a impressão de que já aprendeu a falar em versos tamanha a musicalidade de sua rima.
Como cordelista ele é completo, pois sozinho dá conta de todo o processo, indo do poema, passando pela xilogravura, chegando à impressão, até vender o folheto pronto nas feiras.