Tenente vai embarcar rumo a Sudão do Sul, país localizado no nordeste da África e que passa atualmente por uma guerra civil
por Maxwell Oliveira – Agência Alagoas
Com viagem marcada para o próximo dia 23, o tenente da Polícia Militar de Alagoas, Rodolfo Esperidião, está em fase final de preparação para embarcar rumo a Sudão do Sul, país localizado no nordeste da África, que possui sérios problemas econômicos e passa atualmente por uma guerra civil. O oficial alagoano foi selecionado pelas Organizações das Nações Unidas (ONU) para fazer parte da Missão de Paz que visa auxiliar na construção da segurança pública da região.
Nascido em Maceió e há dez anos como policial militar, o tenente precisou passar por um longo processo seletivo, iniciado em 2015, por meio de uma prova realizada em Pernambuco. Após obter sucesso na primeira etapa, o oficial participou de um treinamento preparatório no Rio de Janeiro. Por fim, representantes da própria ONU o avaliaram através de uma entrevista por telefone. Vale ressaltar que, em todas as fases, a língua oficial foi a inglesa.
“Inicialmente fiz uma prova em inglês, em seguida precisei comprovar a capacidade de guiar veículos de grande porte, similares aos que serão utilizados durante a missão, como também, foi necessário demonstrar habilidade para manusear e empregar armas de fogo”, esclareceu Esperidião.
De acordo com o militar, poder representar a Corporação em uma Operação de Paz da ONU provoca um sentimento de orgulho não só em si mesmo, mas, também, em toda sua família.
“Desde o início venho recebendo o apoio de meus pais e meu irmão. Eles sempre souberam que esse é um sonho que estou prestes a realizar. Poder levar a bandeira de meu Estado é uma honra inimaginável, sei o quanto é importante para a nossa Polícia Militar, pois demonstra o quanto nossos membros são capacitados para as mais variadas missões”, explicou o alagoano.
Como pré-requisitos básicos para um policial militar poder se credenciar, a ONU exige que os oficiais tenham pelo menos cinco anos de carreira e 25 anos de idade, já os praças precisam estar no mínimo na graduação de 3º sargento.
Antes de pisar o solo sul-sudanês, o militar deverá passar por um último treinamento, desta vez no país vizinho Uganda, no qual ficará por 15 dias em um período de adaptação, onde participará de diversas simulações, demonstrando algo bem parecido com o que será encontrado no Sudão do Sul.
A previsão é de que a missão dure um ano, podendo ser prorrogada por mais seis meses. Neste tempo, Esperidião terá o dever de proteger os campos de refugiados e comunicar a ONU possíveis violações aos Direitos Humanos que venham a ocorrer.
“O país passa por um momento turbulento, algumas pessoas estão fugindo de suas casas em decorrência de perseguição étnica, política e religiosa. As bases das Nações Unidas se tornaram campos de refugiados com a presença da ONU. É necessário que aja um controle para que o lugar se mantenha em ordem. Meu trabalho é ajudar para que isso transcorra de forma tranquila, sendo indispensável a comunicação de todo e qualquer abuso das autoridades locais contra a população”, completou o tenente.
Para o oficial, o maior benefício desta experiência será o crescimento pessoal, visto que será inevitável presenciar situações em que a vida humana se apresentará em condições precárias de sobrevivência.
“Para se ter uma ideia, a única alimentação consumida por parte da população é a que nossas bases servem. Faltam remédios, material de higiene e roupas. Ver como as pessoas lidam com esta situação e criam força para se manterem em pé, cuidando de suas crianças e idosos, deve provocar uma sensação que será guardada para sempre em minha memória”, finalizou Esperidião.
Organização internacional
ONU é a sigla para Organização das Nações Unidas, que é uma organização internacional com o objetivo de facilitar a cooperação em termos de direito e segurança internacional, desenvolvimento econômico, progresso social, direitos humanos e da paz mundial.
A ONU foi fundada em 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de deter as guerras entre os países e para facilitar diálogo entre os mesmos.
A organização é financiada por contribuições de todos os seus Estados membros, e tem seis idiomas oficiais: Árabe, Chinês, Inglês, Francês, Russo e Espanhol.
Missão de paz
As missões de paz das Nações Unidas são um instrumento singular e dinâmico, desenvolvido pela Organização para ajudar os países devastados por conflitos. Ao todo, 63 operações de paz foram criadas. Ao longo dos anos, as missões evoluíram para atender as necessidades de diferentes tumultos e panoramas políticos.
Hoje as operações realizam uma grande variedade de tarefas, desde ajudar a instituir governos, monitorar o cumprimento dos direitos humanos, assegurar reformas setoriais, até o desarmamento, desmobilização e reintegração de ex-combatentes.
As missões de paz têm atuado cada vez mais em conflitos intranacionais e guerras civis. Embora a força militar permaneça como o suporte principal da maioria das operações, atualmente as ações contam com administradores e economistas, policiais e peritos em legislação, especialistas em desminagem e observadores eleitorais, monitores de direitos humanos e experts em governança e questões civis, trabalhadores humanitários e técnicos em comunicação e informação pública.
Geografia
Sudão do Sul ou Sudão Meridional, oficialmente República do Sudão do Sul, é um país situado no nordeste da África. Tem esse nome devido à localização geográfica, ao sul do Sudão.
Nos dias 9, 14 e 28 de julho de 2011, o Sudão do Sul tornou-se um estado independente, um Estado-membro das Nações Unidas (ONU) e entrou para a União Africana, respectivamente.
Além da divisa com o Sudão ao norte, o Sudão do Sul faz fronteira a leste com a Etiópia, ao sul com o Quênia, Uganda e República Democrática do Congo e a oeste com a República Centro-Africana.
Apesar de ser rico em petróleo, o Sudão do Sul é um dos países mais pobres do mundo, com altas taxas de mortalidade infantil, e um sistema de saúde muito precário, considerado um dos piores do mundo. Em termos de educação somente 27% da população acima dos 15 anos sabe ler e escrever, chegando a 84% o índice de analfabetismo entre as mulheres e boa parte das crianças não frequentam unidades escolares.