Cuidados afastam o risco de amputações
Cerca de 300 usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) têm acesso, por mês, aos procedimentos de média e alta complexidade em cirurgia vascular e endovascular no Hospital Geral do Estado (HGE).
A maioria desses alagoanos possui problemas graves na circulação sanguínea em pelo menos um dos membros inferiores, que, se não forem tratados, podem causar a perda da perna e, em casos mais complexos, evoluem para o óbito.
Riscos que têm sido afastados com cuidados que contribuem com a reinserção social e profissional de cada doente.
A pescadora Maria José da Conceição, de 67 anos, de repente viu uma das unhas do pé direito inflamar, mas não teve remédio que desse jeito. Ela conta que foi algumas vezes à unidade de saúde da Barra de Santo Antônio, cidade onde reside, na esperança de acabar com a dor e o inchaço que tirava sua tranquilidade. Sem sucesso, ela tomou uma decisão.
“Por conta própria decidi vir a Maceió para pedir ajuda no HGE. Incomodava-me muito, então um vim, porque sabia que no hospital eu teria mais chance de cura. Quando cheguei, no último dia 15, o médico viu e decidiu pela internação. Depois de alguns exames, avisaram-me que meu caso necessitava de cirurgia”, recordou à pescadora.
Dona Maria José tem diabetes e é ex-fumante, fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. O coordenador da Unidade de Cirurgia Vascular e Endovascular do HGE, Cezar Ronaldo Alves, explica que a inflação estava sendo causada por uma lesão grave na artéria femural superficial direita, que alterou a circulação sanguínea do membro inferior direito e iniciou necrose no pé.
“Ela foi submetida a uma angioplastia com stent femural, muito bem-sucedida, porém, já com início de morte em tecidos do pé. Então realizamos um desbridamento para retirar essas camadas mortas da pele e abrir caminho para a o crescimento de tecidos novos e saudáveis. Se não fizéssemos isso, a conduta seria a amputação da perna, na altura acima do joelho”, informou o médico.
Aliviada, a pescadora não vê a hora de recuperar sua rotina e voltar para casa. Porém, já sabe que está inclusa na parcela de brasileiros com problemas vasculares que exigem atenção para complicações da diabetes, da hipertensão, da doença arterial obstrutiva periférica, dos aneurismas, dos traumas graves, entre outros males.
Prevenção
O cirurgião enfatiza que a prevenção continua sendo a melhor recomendação contra o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
“É preciso consumir alimentos mais saudáveis, como frutas e vegetais, diminuir o sal nas refeições, extinguir o fumo, não abusar das bebidas alcóolicas e realizar uma atividade física de 30 minutos por dia. Esses hábitos afastam as complicações causadas pela glicose sanguínea elevada, pelo grande número de lipídios no sangue, pela obesidade ou pelo baixo peso”, recomendou.