Governador Renan Filho recebeu do Iphan projeto para construção de parque temático
por Severino Carvalho – Agência Alagoas
Um dos primeiros núcleos de povoamento ainda no período colonial, Porto Calvo, a 100 km de Maceió, foi escolhido pelo governador Renan Filho para integrar a viagem “Na Rota dos 200 Anos”, que celebra o Bicentenário da emancipação política de Alagoas. De acordo com ele, a visita à terra de Domingos Fernandes Calabar foi um ato de resgate às origens do Estado.
“Em nosso Bicentenário, nos propusemos a fazer quatro viagens pela nossa história: uma em defesa do Rio São Francisco, uma outra em defesa da inclusão social dos moradores das grotas de nossa capital e hoje estamos fazendo uma visita às nossas origens, aqui em Porto Calvo. Vamos fazer também uma visita a Marechal Deodoro, nossa primeira capital. Finalizando, faremos um ato em defesa da liberdade e da igualdade racial na Serra da Barriga, em União dos Palmares”, citou Renan Filho.
Nesta quarta-feira (4), a caravana saiu do Palácio República dos Palmares por volta das 8h20 em ônibus que levaram a Porto Calvo secretários de Estado, convidados e servidores. A chegada se deu por volta das 10h. O primeiro ponto a ser visitado foi o Memorial Calabar, erguido no Alto da Forca, local onde Domingos Fernandes foi morto por garroteamento e, em seguida, teve o corpo esquartejado por optar pelo domínio holandês em detrimento ao jugo lusitano. Esculturas assinadas pelo artista plástico Manoel Claudino da Silva, pernambucano de Pesqueira, retratam ali o momento da execução de Calabar. O memorial foi instalado em 2011.
“Calabar foi o primeiro brasileiro a lutar pela independência de nosso Brasil e por isso pagou com a própria vida a sua insurreição. É sem dúvidas herói nacional”, bradou o professor Valdomiro Rodrigues, que guiou a comitiva pelos pontos históricos da cidade.
O governador, ao lado do prefeito de Porto Calvo, David Pedrosa, recebeu das mãos do superintendente substituto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Sandro Gama, o projeto do Parque Histórico da Batalha de Porto Calvo, cujo objetivo é promover o turismo histórico no município e região Norte do Estado. O Iphan desenvolve, há cerca de dois anos, um trabalho de prospecção arqueológica que já descobriu quatro fortificações da época das batalhas para assegurar o território de Porto Calvo entre os exércitos lusoespanhol e holandês.
Uma dessas estruturas militares é o Fortim de Terra Holandês encontrado na Ilha Fluvial do Guedes, em meio ao Rio Manguaba, principal estrada hídrica por onde escorria sobre barcaças a produção açucareira exportada para a Europa.
“A história dessa região transcende a história do Brasil e se insere na história mundial, na oportunidade em que os holandeses tomaram conta de parte do território nacional. Todas as lutas que aconteceram aqui foram lutas fantásticas e de uma dimensão em que todo o staff dos grandes generais de Maurício de Nassau estiveram aqui. Nós já localizamos aqui na baixada o local onde foi montado o acampamento de Nassau. Tudo isso poderá fazer parte de um grande parque temático”, revelou o arqueólogo Marcos Albuquerque, que coordena a pesquisa contratada pelo Iphan.
O governador Renan Filho lembrou que o Estado já participa de outros projetos em parceria com o Iphan na região Norte, a exemplo da consolidação das ruínas do Mosteiro de São Bento, em Maragogi; da revitalização da antiga Cadeia Pública de Porto de Pedras e do teatro Aurélio Buarque de Holanda, em Passo de Camaragibe, além do Fortim de Terra de Porto Calvo.
“Vamos construir um ambiente cultural e histórico rico nessa região para o alagoano e para o turista que nos visitar ter mais opções, além do turismo de sol e mar”, observou Renan Filho.
A segunda parada se deu na Igreja de Nossa Senhora da Apresentação. Tombada pelo Iphan em 17 de janeiro de 1955, o templo foi construído em 1610 pelos portugueses. A igreja foi fortificada e usada como ponto de resistência pelos holandeses quando tomaram a região.
Fundação
Porto Calvo foi edificada no alto, sobre morros, fundada em 1590 pelo sesmeiro ítalo-alemão Christopher Linz. Era o segundo núcleo de povoamento colonial do espaço geográfico do que viria a ser Alagoas; o primeiro foi Penedo (1570 a 1575).
Parte da rica história de Porto Calvo pode ser vista no Memorial Guedes de Miranda, administrado pelo lotérico aposentado Adelmo Monteiro, proprietário de grande parte das peças que integram o museu, como balas de canhão, espadas, moedas antigas, cerâmicas, artefatos indígenas, fotografias antigas e gravuras O governador esteve no espaço cultural e assinou o livro de visitas. A comitiva também foi à Casa de Cultura, prédio histórico onde funciona a 10ª Gerência Regional de Ensino (10ª Gere).
A visita a Porto Calvo terminou com uma passagem pelo Porto do Varadouro, à margem do Rio Manguaba. Lá estão postadas estátuas que também fazem parte do Memorial Calabar. As esculturas lembram a gênese lendária da povoação personificada na figura do “Velho Calvo” e no movimento frenético de entrada e saída de mercadorias que ocorreria a partir das últimas décadas do século 16, quando os irmãos Christopher e Sibald Linz deram início à colonização da região. Foi lá que o ator Chico de Assis leu uma crônica sobre o surgimento de Alagoas e a importância histórica de Porto Calvo para a formação da identidade nacional.
Investimentos
Renan Filho aproveitou a ida a Porto Calvo para visitar as obras do Hospital Regional do Norte, que vai gerar cerca de 800 empregos quando ficar pronto e que atenderá melhor os moradores de toda a 2ª Região de Saúde de Alagoas.
Ele anunciou, ainda, que o município receberá, em breve, um Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp), a reforma da Escola Estadual Nossa Senhora da Apresentação e dará sequência às obras de construção do Anel Viário, que proporcionará maior fluidez ao tráfego de veículos na enladeirada e histórica Porto Calvo.