“Manifesto em favor de um juízo justo para o ex-presidente Lula” é assinado por Ariovaldo Ramos e outros nomes conhecidos
por Jarbas Aragão – Gospel Prime
(Foto: Reprodução)
O pastor Ariovaldo Ramos já foi muito influente na Igreja brasileira, figurinha carimbada em grandes eventos, ajudou a formar uma geração inteira de pastores. Ele esteve envolvido com vários ministérios conhecidos como o SEPAL. Foi presidente da Aliança Evangélica do Brasil e da Visão Mundial. Por muitos anos serviu de interlocutor de uma parcela dos evangélicos com os governos petistas.
Contudo, nos últimos anos a militância política parece ser a sua prioridade. Parece estranho ver um pastor que já gozou de influência ser reduzido a um “porta-voz para os evangélicos” dos movimentos marxistas. Apesar de toda a desgraça causada pelo bolivarianismo na Venezuela, mantém seu apoio a ideologia de Chávez e Maduro.
Nas vésperas da votação pelo impeachment de Dilma Rousseff, ele reuniu-se a outros teólogos liberais e formou a “Frente Evangélica Pelo Estado de Direito”, para defender a ex-presidente.
Mais recentemente, Ariovaldo reclamou publicamente várias vezes de Sérgio Moro e defendeu Lula levando vários outros líderes evangélicos a se posicionarem contra a Lava Jato. Curiosamente, não há registro que tenha reclamado das centenas de denúncias de corrupção que envolvem os governos de Lula e Dilma.
Agora, ele é um dos autores do “Manifesto de religiosos e religiosas em favor de um juízo justo para o ex-presidente Lula”, uma carta-aberta aos juízes do TRT4, que votarão nesta quarta (24) em segunda instância o processo envolvendo o tríplex da OAS dado ao ex-presidente como pagamento de propina.
Ecoando a narrativa esquerdista que “não há provas” – muito embora o juiz Sérgio Moro tenha arrolado todas elas, além dos relatos dos delatores – o Manifesto foi assinado por mais de 50 líderes religiosos, incluindo muitos pastores evangélicos, de igrejas luteranas e anglicanas. Também há uma série de padres católicos e até não cristãos, como um sacerdote wicca, uma forma de bruxaria moderna, e um representante do Movimento Espíritas pelos Direitos Humanos.
Entre os nomes mais conhecidos que assinam o documento estão Ariovaldo Ramos, Alexandre Brasil Fonseca (ligado à ABUB), Lusmarina Campos Garcia, influente líder ecumênica do Rio de Janeiro e Walter Altmann, ex-Moderador do Comitê Central do Conselho Mundial de Igrejas.
O tal Manifesto usa porções bíblicas, trechos de reportagens sobre o julgamento e frases históricas para advogar a inocência de Lula.
Um trecho diz: “Uma tradição antiga vinda do livro de Deuteronômio conclama os juízes dizendo: “Não sereis parciais no juízo; ouvireis assim o pequeno como o grande…” (Deuteronômio 1:17). E a tradição profética liga justiça à verdade para fins da construção da paz: “Eis as coisas que deveis fazer: falai a verdade cada um com o seu próximo, executai juízo nas vossas portas segundo a verdade em favor da paz” (Zacarias 8:16). O juízo que produziu a sentença condenatória do cidadão e ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva parece afastar-se tanto da imparcialidade quanto da busca pela verdade com fins de construção da paz”.
Ele também insiste que Lula não era proprietário do imóvel, ataca o juiz Sérgio Moro e diz que “Não se pode condenar alguém por uma presunção de corrupção”. Encerra citando o norte-americano John Adams, um dos líderes da batalha pela independência dos EUA, que disse certa vez: “é preferível absolver vários culpados do que condenar um inocente”.
Por mais inócua que possa parecer a manifestação de Ariovaldo e dos demais pastores, chama atenção o fato de que ainda há pessoas trazendo a ideologia esquerdista para a igreja, justificando isso com a Bíblia e influenciando pessoas. Estranhamente, alguns dos que assinaram o Manifesto em outros momentos criticaram abertamente pastores evangélicos conservadores por misturarem sua “visão política” com a mensagem do evangelho que pregam.