Números são da unidade especializada, que registrou ao todo mais de 11 mil atendimentos no ano passado
por Thallysson Alves – Agência Alagoas
(Cardiologista Alex Vieira reforça que a prevenção ainda é a melhor solução para combater a doença, que pode resultar em sequelas irreversíveis e até o óbito – Foto: Thallysson Alves)
A servidora pública Ilma Duarte, de 54 anos, voltou à Unidade de Dor Torácica (UDT) do Hospital Geral do Estado (HGE). Mas não como usuária do serviço de qualidade reconhecido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), e sim, para alertar a população sobre os riscos do Infarto Agudo do Miocárdio (IAM).
Isso porque, no ano passado, 11.324 atendimentos foram registrados na observação cardíaca. Foram pessoas que chegaram ao maior e mais completo hospital público de Alagoas com algum dos sintomas de doenças coronarianas: desconforto ou dor no peito, falta de ar, fadiga, inchaço nos pés e dores nos ombros ou braços. Desses, 823 usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) necessitaram de internação e 375 deles foram diagnosticados com infarto.
“Eu fui uma dessas pessoas. Começou com uma dor no peito, que puxava para o pescoço e braços. Cada dia uma dor diferente, até meu estômago, por vezes, incomodava. Era como se existisse uma bola de fogo dentro de mim. Também sentia dores nas costas. Mesmo com tantos sinais, eu achava que se fosse ao médico ia levar um carão, então não fui. Só que um dia não aguentei e fui levada às pressas para o HGE”, recordou a servidora pública.
Ilma chegou à UDT com somente 1% das artérias coronárias em devido funcionamento, prestes a sofrer uma morte súbita. De urgência foi conduzida para a Unidade de Hemodinâmica Dr. João Fireman, instalada dentro do HGE através de convênio entre a Secretaria de Estado da Saúde e Sociedade Beneficente do Coração de Alagoas (Cordial).
“Fui submetida ao cateterismo e em seguida precisei também de uma angioplastia. Só depois disso, eu melhorei. Por isso reafirmo que o HGE salvou minha vida, pois se eu não encontrasse os profissionais e os aparelhos necessários para minha recuperação, eu teria morrido. Agora só preciso de acompanhamento do cardiologista, cuidados com a alimentação e viver uma vida saudável”, disse Ima Duarte, que compartilhou ter ficar impressionada com toda atenção que teve.
O cateterismo cardíaco é um procedimento destinado a diagnosticar ou tratar doenças cardíacas. Já a angioplastia é uma intervenção cirúrgica destinada a reparar um vaso deformado, estreitado ou dilatado. Só no ano passado, o HGE realizou 748 cateterismos e 443 angioplastias. Serviços que anos atrás era de difícil acesso aos usuários do SUS, apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmar que o IAM mata mais 15 milhões de pessoas no mundo por ano.
“Até 2015 não tínhamos esses procedimentos no serviço de emergência cardiológica disponível aos mais de 90% dos usuários do SUS em Alagoas. Com a inauguração da hemodinâmica do HGE, essa realidade mudou e os alagoanos passaram a estar cobertos dia e noite. É um investimento que salva vidas, combate sequelas e devolve ao doente condições para voltar a sua rotina de trabalho, de amigos, de família”, salientou gerente do HGE, Marta Mesquita.
Entretanto, vale reforçar que a prevenção é a melhor solução para combater a doença, que pode resultar em sequelas irreversíveis e até o óbito. “É imprescindível uma alimentação saudável, rica em frutas e verduras; e que o sedentarismo seja espantado. Hábitos saudáveis são grandes parceiros do coração e de todo o organismo”, alerta o cardiologista Alex Vieira.
“Também é importante que sempre sejam realizados exames de rotina para estar por dentro do que acontece com o nosso próprio corpo. Lembrando que, caso se perceba qualquer alteração no organismo, algum tipo de dor, pressão, incômodo que não se tenha causa aparente, deve-se procurar um especialista para avaliação minuciosa. Nas primeiras 24h do início de qualquer sintoma, a situação cardíaca pode ser revertida”, completa o médico.