Sarah Dominique recomenda atenção, pois o novo coronavírus pode sobreviver por algumas horas ou até dias
por Marcel Vital – Ascom Sesau
Segundo infectologista Sarah Dominique, no momento da refeição, a máscara deve ser retirada e colocada em uma sacola e nunca à mesa – Foto: Marcel Vital
Com o avanço do plano de flexibilização, o Governo do Estado permitiu, em agosto deste ano, que Maceió avançasse para mais uma fase do plano de Distanciamento Social Controlado, saindo da etapa amarela (risco moderado) para a azul (moderado baixo), onde bares e restaurantes tiveram autorização para o funcionamento com 75% da capacidade total. Deste modo, quem teve de abrir mão de comer fora, seja por necessidade, seja por prazer, agora pode manter a programação gastronômica na rotina diária, desde que sejam observados alguns aspectos, já que o coronavírus sobrevive, a depender das características da superfície, por algumas horas ou até dias, segundo alerta a infectologista do Hospital da Mulher (HM)de Maceió, Sarah Dominique.
De acordo com a especialista, os estabelecimentos precisam respeitar a distância mínima de 2 metros entre as mesas e os assentos dos clientes. “Quando você vai se expor num ambiente coletivo, como um restaurante ou bar, o distanciamento das mesas é fundamental, porque ali, por escolha sua, você está expondo não só seus familiares, mas, também, seus amigos ou seu parceiro, com quem você está sentado à mesa”, destacou.
Segundo Sarah Dominique, jantar com sua família ou com seus amigos não vai ter tanta distinção, do ponto de vista de risco, pois você não vai sair, teoricamente, com alguém que desconheça o estado de saúde. “Hoje em dia, todo mundo faz o questionamento se a pessoa já teve ou não a Covid-19. Eu, particularmente, não vejo muita diferença, porque são pessoas com as quais você possui um grau de intimidade e que, de certa forma, têm acesso à informação verídica”, disse.
Sarah Dominique orienta que, ao sentar à mesa, você deve retirar cuidadosamente a máscara, colocando-a num local que não fique exposta. Não a solte, sob hipótese nenhuma, sobre a mesa, pois o móvel pode ter sofrido um processo de higienização inadequado e, portanto, não é garantido. “Coloque a máscara embrulhada num saco de papel ou de plástico e, se possível, dentro da sua bolsa. Nunca use embaixo do seu pescoço ou presa à orelha, tampouco a deixe solta no ambiente do restaurante ou barzinho em que você esteja”, recomendou.
Atenção – A infectologista do Hospital da Mulher de Maceió esclarece que os garçons e os atendentes precisam usar a máscara e o protetor facial. Isso porque, segundo ela, esses profissionais recebem toda a clientela do estabelecimento, portanto, o risco ocupacional é muito maior.
“Eles servem e atendem a várias mesas. Eles recebem a carga de fala e de saliva e, na maioria das vezes, o cliente faz o pedido sem a máscara, visto que ele já está se alimentando e bebendo. Então, esses profissionais, que são responsáveis pelo atendimento, precisam, idealmente, estar usando os EPIs [Equipamentos de Proteção Individual] de forma correta”, enfatizou.
Sarah Dominique diz que, “se eles estiverem atendendo com o protetor facial, sem a máscara, o risco é grande. Por quê? O protetor facial é vago, é aberto na posição inferior e, então, caso a pessoa chegue a tossir ou espirrar, as partículas vão bater no anteparo físico e, por conseguinte, não vão voltar, como acontece com a máscara. Elas vão escorrer e fazer uma nuvem por baixo. Se você está dentro do estabelecimento onde esses profissionais estão atendendo somente com o protetor facial, converse com o gerente, pois isso não é adequado”, salientou.
Cédula ou cartão? A resposta é tanto faz. De acordo com Sarah Dominique, assim como a cédula, a máquina de cartão promove o contato físico, tanto no momento que você entrega o seu cartão a quem vai operacionalizar o pagamento, quanto ao toque digital, na hora em que você vai digitar a senha. Contudo, as máquinas são passivas de serem cobertas por algum tipo de cobertura que sofra a higienização.
“O momento do toque é pequeno no maquinário para passar o cartão. Recomendo que o estabelecimento ofereça álcool em gel a 70%, para que, logo após o pagamento, você higienize suas mãos, deixando-as sem o risco de contaminação pós-manuseio de uma cédula ou de uma máquina de cartão”, orientou a infectologista do Hospital da Mulher de Maceió.
Condicionadores de ar – Segundo Sarah Dominique, o restaurante ou barzinho poderá oferecer sérios riscos à saúde dos clientes, caso não tenha a renovação de ar refrigerado numa quantidade adequada para a metragem quadrada do estabelecimento. “Quanto mais confinamento de pessoas, maior o risco de transmissão. Nesses locais, o ideal é que sejam colocados exaustadores, um sistema de renovação de ar, o filtro HEPA [High Efficiency Particulated Air], que tem alta eficiência de reter 99% de partículas com diâmetro de 0,3% micrômetro ou maiores, deixando o ar limpo de impurezas. É o mesmo filtro que utilizamos em ambientes hospitalares”, explicou.
Self-services – A infectologista do Hospital da Mulher de Maceió recomendou que, se o restaurante não dispõe de condição financeira para colocar um funcionário servindo os clientes, ele pode investir em luvas descartáveis, as mesmas que são utilizadas para pintar o cabelo. “Numa mão você segura o prato, enquanto na outra, vestida com a luva, você vai se servindo. Lembrando sempre do álcool em gel a 70% antes, para que você possa higienizar suas mãos. Porque, de nada vai adiantar, elas estarem infectadas pelo novo conavírus e você colocar a luva, contaminando, assim, a face externa que vai tocar nos talhares para por a comida no prato. Seria a mesma coisa de usar suas mãos sujas”, detalhou, em tom professoral.
Quem canta seus males espanta – De acordo com a infectologista do Hospital da Mulher de Maceió, os karaokês são uma prática de lazer que aumentam, e muito, o risco de exposição à Covid-19, visto que o gritar e o cantar emitem mais partículas salivares do que o ato de falar. “Quando você canta, o timbre da voz tende a ser mais alto. Muitas vezes, o forçar da voz pode promover um acesso de tosse, que não é tão frequente, mas, pode acontecer. Num ambiente em que você pode aglomerar pessoas esperando pelo seu momento de cantar, vai ser fundamental que elas estejam usando a máscara. E, se várias pessoas cantarem ao mesmo tempo, vai promover ali uma dispersão de partículas salivares ainda maior”,enfatizou.
Outro risco, ainda de acodo com Sarah Dominique, é o uso do microfone, o qual, precisa estar devidamente higienizado. “Os profissionais do estabelecimento devem conversar com as pessoas que vão cantar para que elas mantenham certa distância entre o microfone e a boca. Além disso, se o ambiente for refrigerado, faz-se necessário a renovação de ar, a fim de deixar o ambiente livre de impurezas”, recomendou a infectologista do Hospital da Mulher de Maceió