/Genival Lacerda morre no Recife, vítima da COVID-19, aos 89 anos

Genival Lacerda morre no Recife, vítima da COVID-19, aos 89 anos

Cantor estava internado desde 30 de novembro

da redação com FACEBOOK /TWITTER

Foto: Instagram/antorgenivallacerda

O cantor Genival Lacerda morreu por conta das complicações da COVID-19. Ele estava internado desde 30 de novembro, respirando com a ajuda de aparelhos. A notícia da morte veio a público em uma publicação do filho, Genival Lacerda Filho, que revelou a informação em uma mensagem sucinta. ‘Painho faleceu’, disse ele em seus stories do Instagram.

A família também anunciou que o enterro será feito às 18h desta quinta-feira (7/1), no Cemitério Nossa Senhora do Carmo, em Campina Grande, na Paraíba.

Genival estava debilitado desde o primeiro semestre. Hipertenso e diabético, em maio sofreu um AVC que o levou a ser hospitalizado por alguns dias. Em julho, foi promovida live para arrecadar recursos para o tratamento médico – sem fazer shows, ele contava apenas com a aposentadoria de pouco mais de R$ 2 mil.

Elba Ramalho, Caju e Castanha, Tato do Falamansa e Fernanda Takai fizeram participações por vídeo no evento, que contou com a adesão de mais de 30 artistas. O próprio Genival chegou a participar da live, de forma discreta, cantando Severina xique-xique e De quem é esse jegue.

Nascido em 5 de abril de 1931, em Campina Grande, o paraibano Genival Lacerda saía do sério quando ouvia de algum interlocutor que sua música era putaria. “Putaria é outra coisa. Isso é duplo sentido”, costumava dizer. O paraibano foi um dos músicos que popularizaram o “forró malícia” ou “forró escrachado”.

Nos anos 1970, o forró com letras debochadas e conotação sexual (mas sempre de forma jocosa) explodiu no Nordeste. Depois ganhou o país.

Severina xique-xique (do impagável refrão “Ele tá de olho é na butique dela”) foi lançada em 1975, quase 20 anos depois de Genival estrear como cantor de forró. Sua carreira teve início no começo da década de 1950, em programas de rádio de Campina Grande. Mudou-se para o Recife e, em 1953, gravou seu primeiro disco de 78 rotações, com as faixas Coco de 56 e Dance o xaxado. Não demorou a ir para o Rio de Janeiro tentar a sorte.

Parceria com João Gonçalves, Severina (gravada por Marisa Monte, Pato Fu, Forróçacana e Zeca Baleiro, entre outros) acabou fazendo com que Genival se tornasse um grande vendedor de discos. O LP Aqui tem catimberê, que trazia esta canção, vendeu, na época, 800 mil cópias. Na esteira dele vieram outros sucessos: Radinho de pilha, Mate o véio, Caldinho de mocotó e Fio dental.

Naquele momento, a figura de Genival – barrigão incorporado à dança e chapéu, sempre colorido – já estava eternizada. Ainda que seja um nome inseparável do forró, a maior parte de suas canções se situa entre o coco e o rojão, especialidade de sua maior influência, Jackson do Pandeiro.

O conterrâneo e mestre, Genival sempre lembrava, era meio parente – o irmão de Genival se casou com a irmã de Jackson.

Jackson do Pandeiro o incentivou a ir para o Rio de Janeiro, apoiando-o no início de carreira. O discípulo retribuiu, sempre interpretando canções de Jackson e de outro mestre, Luiz Gonzaga, em seus shows, além de tributos fonográficos.

Lacerda trabalhou com outros destaques da música brasileira – foi Sivuca quem arranjou o álbum A fubica dela (1987). Com Ivete Sangalo, o paraibano gravou Chevette da menina, que fala da mulher que tem o mesmo nome da cantora baiana.

Genival viveu muito e gravou em igual medida. Ultrapassou a marca dos 80 discos, entre vinis e CDs. Seu mais recente lançamento, nas plataformas digitais, é o registro ao vivo Minha estrada.

Duas faixas – Deixa a tanga voar e São João do Carneirinho, ambas de Luiz Gonzaga – vieram a público em 13 de dezembro passado. Treze de dezembro, aliás, é o dia do aniversário de Gonzagão.

Antes da morte de Genival Lacerda, sua assessoria anunciou que Minha estrada teria uma faixa lançada por mês até o final de 2021.