Redação A Hora News
Legenda: Entre os presos estavam três pastores batistas: Yéremi Blanco Ramírez, Yarian Sierra Madrigal e Yusniel Pérez Montejo. | Foto: Portas Abertas
Em 16 de julho, a Portas Abertas contou sobre a situação em Cuba, onde muitos líderes cristãos foram presos durante protestos contra o governo comunista. Dois pastores detidos durante os protestos foram libertados — eventos que encorajaram a igreja a se manifestar contra o uso de violência por parte das autoridades.
Frustrados com a escassez de alimentos e medicamentos em face do aumento das infecções por COVID-19, milhares de cubanos foram às ruas em 11 de julho para pedir democracia e reformas econômicas. Cidadãos de todas as esferas, incluindo líderes religiosos, juntaram-se ao maior protesto em décadas. As repercussões foram imediatas e violentas. A polícia e a segurança agrediram os manifestantes e prenderam centenas de pessoas. A eletricidade e a internet foram cortadas em diversas partes do território.
Entre os presos estavam três pastores batistas: Yéremi Blanco Ramírez, Yarian Sierra Madrigal e Yusniel Pérez Montejo. Eles foram levados para uma prisão e mantidos incomunicáveis por duas semanas. Ao mesmo tempo, a esposa e o filho do pastor Madrigal foram despejados de casa depois que o proprietário recebeu ameaças da segurança do Estado. Os três pastores foram libertados em prisão domiciliar e ainda enfrentam acusações criminais. Enquanto isso, outro pastor, Lorenzo Rosales Fajardo, ainda está detido em uma prisão em Santiago de Cuba. Desde a prisão, há mais de duas semanas, nada mais se ouviu dele nem as autoridades permitiram que a esposa o visitasse.
Embora no passado as igrejas tivessem o cuidado de não criticar o governo, após os protestos muitas delas publicaram declarações “condenando a invocação de violência pelo governo, afirmando o direito à liberdade de expressão pacífica, a validade das demandas dos manifestantes e apelando às autoridades para ouvi-los e respondê-los”, relatou o portal de notícias americano Christianity Today.
Manter o poder
Quatro dias antes do início dos protestos, igrejas e líderes religiosos em Cuba haviam convocado um dia de oração e jejum por causa da situação no país. De acordo com o site Christianity Today, “os líderes da igreja de todas as denominações relataram que estavam cada vez mais sob vigilância e foram interrogados e ameaçados”.
A política do governo em relação às igrejas tem sido de reorganização, disse Mario Félix Lleonart Barrosso, pastor cubano que vive refugiado nos Estados Unidos. A decisão visa sufocar financeiramente uma igreja por meio de multas ou — quando não está registrada — tratá-la como uma entidade ilegal. Portanto, seja uma igreja legal ou não, ela pode esperar que o governo aplique pressão. “Reorganização pode ser entendida como tentar manter o poder do Partido Comunista”, disse Barrosso.
A pandemia da COVID-19 apenas aumentou a pressão. “Sob o pretexto de controlar a crise da COVID-19, tem havido casos frequentes de altas taxas aplicadas, de materiais cristãos sendo confiscados, de igrejas sendo impedidas na distribuição de ajuda humanitária, de monitoramento mais forte das atividades dos líderes da igreja, de prisões arbitrárias e muito mais”, explica o departamento de pesquisa da Portas Abertas.