Programa Digaê capacitou, durante três meses, as juventudes das grotas de Maceió, assentamentos precários localizados em fundos de vales
por Minne Santos – ONU-Habitat
Jovens do segundo ciclo do Digaê recebem a certificação no programa durante formatura – Foto: Minne Santos – ONU-Habitat
“Não foram apenas três meses. Foi um ciclo lindo, memorável”. É com essas palavras que a jovem Tanoany Macena define um pouco do que vivenciou no Digaê, iniciativa realizada pelo Programa nas Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) em parceria com o Governo de Alagoas. No mês de maio, ela e outros 40 jovens partilharam os últimos dias do programa, que teve como foco a formação das juventudes das grotas – assentamentos precários de Maceió – em temas relacionados à comunicação e cidade.
“O Digaê foi edificante a cada oficina, a cada atividade, em todas as experiências e vivências que compartilhamos. Com o programa, aprendemos que o direito à cidade é para todos. Pudemos perceber que nós, jovens moradores das grotas, somos exemplo de força, coragem, fé e determinação para encarar nossas atividades todos os dias”, complementa Tanoany.
Realizado em parceria com o Instituto Pólis e a Viração Educomunicação, o programa contou com dois ciclos formativos, contemplando ao todo cerca de 80 jovens de diferentes grotas, territórios historicamente marginalizados na capital alagoana. Por meio de oficinas, os participantes puderam discutir muito das experiências que já vivenciam diariamente, atrelando-as a conceitos trabalhados no campo do direito à cidade, nas agendas globais de desenvolvimento e na comunicação.
Durante os meses de capacitação, as juventudes tiveram contato com linguagens como audiovisual, fotografia, podcast, lambe-lambe, entre outras. Além disso, receberam mentoria especializada para realizar projetos de intervenção em suas comunidades, colocando em prática um pouco do que aprenderam em sala de aula.
“O Digaê foi mais que um projeto, foi o pontapé. Uma grande infusão de ideias em uma sala borbulhante e raramente silenciosa. Todo o conhecimento que adquirimos jamais será tirado de nós e, com ele, poderemos ser jovens transformadores das nossas comunidades”, compartilha a participante Laura da Silva.
Próximos passos
Nas capacitações, os jovens desenvolveram colaborativamente conteúdos multimídia sobre as diversas vivências nas grotas. O material produzido pelos grupos fará parte de uma coletânea de memórias e narrativas desses assentamentos.
“O ONU-Habitat já desenvolve um trabalho voltado para as grotas desde 2017, com produção de dados e informações. O Digaê veio para preencher outra lacuna, que é a produção de conhecimento a partir do olhar das pessoas sobre os lugares onde vivem. É um projeto que temos muito orgulho em realizar e que continuará rendendo frutos, seja pela coletânea criada a partir dessa troca, seja pelo envolvimento cada vez maior dos jovens nas discussões que envolvem seus territórios”, pontua o coordenador de Programas do ONU-Habitat, Alex Rosa.
Além de fomentar o registro das histórias já vividas sobre as grotas, o Digaê também visa estimular que novas narrativas sejam criadas e compartilhadas a partir de agora, incentivando que coletivos jovens de comunicação comunitária nasçam por meio dos encontros facilitados pelo programa.
“Juntos, descobrimos que temos o direito de habitar. Descobrimos como fazer com que os nossos lugares florescerem com a bagagem que criamos juntos. Juntos temos um potencial muito maior”, frisa o jovem Gabriel da Silva.
A iniciativa integra o Visão Alagoas 2030, projeto do Governo de Alagoas, em parceria com o ONU-Habitat, voltado ao desenvolvimento de estratégias e soluções integradas para uma prosperidade urbana sustentável e inclusiva no estado.
Para saber mais, acesse a página do programa: http://visaoalagoas2030.al.gov.br/