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Assembleia discute em sessão especial o tratamento do glaucoma na rede pública

por Comunicação/ALE — publicado 14/08/2023 13h43, última modificação 14/08/2023 13h43

De iniciativa da deputada Rose Davino (PP), a Assembleia Legislativa de Alagoas realizou nesta segunda-feira, 14, uma sessão especial para debater o tratamento do glaucoma pela rede pública no Estado. De acordo com a parlamentar, só em Maceió existem mais de 20 mil pacientes e um contingente maior no interior, milhares de pessoas que podem perder a visão se não receberem o tratamento completo. A deputada também cobrou a implementação correta do que determina a Portaria nº 957, de 15 de maio de 2008, do Ministério da Saúde, que constitui a Política Nacional de Atenção em Oftalmologia, a ser implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão.

“O tratamento do glaucoma requer cuidado e acompanhamento e, para isso, é preciso que os colírios sejam dispensados; mas está deixando a desejar. Existe um acordo feito em 2018, entre o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública e os entes públicos, onde estão definidas algumas medidas a serem cumpridas, dentre elas, o fornecimento do colírio para o tratamento de glaucoma. Porém, é preciso alinhar a forma como estes colírios estão sendo distribuídos e, o mais importante, a linha de cuidado, que não pode ser quebrada. Quando o paciente vai à clínica pelo município e depois vai receber o colírio na Ceaf (Componente Especializado da Assistência Farmacêutica), antiga Farmex, passa a existir um intervalo no tratamento e isso não pode acontecer. É o que precisamos mudar”, destacou Rose Davino.

O oftalmologista Leopoldo Barbosa, especialista em catarata e glaucoma, alertou que o glaucoma é uma doença que, se não tratada de forma correta, pode levar à cegueira. “O glaucoma é uma doença muito séria. Quando o paciente tem o diagnóstico e inicia o tratamento de forma eficaz e sem interrupção, passa a ser fundamental para o sucesso a disponibilidade dos colírios pelo serviço público. A junção disso tudo é crucial para manter a doença controlada e estável e evitar que evolua para a cegueira. Portanto, é preciso trabalhar melhor essa distribuição dos colírios para que tenhamos sucesso no tratamento”, afirmou.

A presidente da Associação Alagoana dos Portadores do Glaucoma (AAPG), Marisa Sousa, falou das dificuldades que os pacientes possuem para realizar o tratamento do glaucoma de forma correta. “São vários problemas que o paciente do glaucoma enfrenta, dentre eles, a distribuição dos colírios em casa, já que muitos deles são deficientes e idosos e não possuem condições de locomoção. Esses pacientes dependem de outras pessoas ou de carros das prefeituras para irem às clínicas buscar os colírios. Faz-se necessário que encontremos uma solução para isso; viemos aqui pedir às autoridades um olhar atento para este problema, já que a doença não tem cura, mas tem tratamento”, disse.

Durante a sessão e diante da gravidade da questão, vários pacientes com glaucoma se manifestaram e pediram ajuda dos entes públicos para a realização do tratamento correto, bem como a distribuição eficaz dos colírios. Participaram da sessão a deputada Fátima Canuto (MDB), a ex-deputada Ângela Garrote; além de médicos, familiares de pacientes e sociedade organizada.

Glaucoma

Segundo o Ministério da Saúde (MS), o tratamento para o glaucoma é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Estima-se que entre 2% e 3% da população brasileira acima de 40 anos possa ter a doença. Diabetes, hereditariedade, miopia e lesões oculares são as principais causas.

Ainda segundo o Ministério, na maioria dos casos, o glaucoma atinge os dois olhos e é a herança genética que influencia no aparecimento da enfermidade. Há dois tipos de glaucoma: o de ângulo aberto, que é gradual, lento e assintomático e responde por 90% dos casos; e o glaucoma de ângulo fechado, que pode ocasionar dores de cabeça, dor no olho, auréolas de arco-íris ao redor das luzes, náusea e vômitos.

O site do Ministério da Saúde informa quais exames são oferecidos pelo SUS: Tonometria para medir a pressão intra-ocular, Campimetria, que permite avaliar como e se o glaucoma afetou o campo de visão, Oftalmoscopia ou exame do fundo do olho e Gonioscopia, que capta a sensibilidade das áreas visuais de cada olho através de um gráfico.