Presidente da Petrobras participou de audiência pública no Senado
por Lucas Pordeus León – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Foto: © Lula Marques/ Agência Brasil
Cobrado pelo senador do Amapá Lucas Barreto (PSD) para se empenhar na exploração de petróleo na margem equatorial brasileira, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou nesta quarta-feira (16) que esse é um processo que ainda está no início e minimizou os possíveis riscos ambientais de uma produção de petróleo naquela região. Segundo Prates, caso a licença ambiental seja favorável pode-se levar até oito anos para que a produção efetivamente comece.
O presidente da Petrobras participou nesta quarta-feira de audiência pública conjunta no Senado das comissões de Infraestrutura e de Desenvolvimento Regional e Turismo. Na ocasião, ele defendeu que houve uma exacerbação em torno do pedido da estatal para perfurar poços exploratórios próximos à costa da Amapá, como se a empresa fosse inaugurar a produção de petróleo na região.
“Isso já existe. Escoa petróleo pelo Rio Amazonas todos os dias chegando à refinaria de Manaus”, explicou. O Polo de Urucu, por exemplo, explora petróleo na Amazônia desde 1986.
O presidente da Petrobras argumentou que, entre as explorações de petróleo na região, essa seria a menos arriscada. “Mesmo [que] venha a produzir sistematicamente, é a que tem menos potencial de causar danos e a que tem mais condições de gerar receitas governamentais e receitas para população local”, justificou ele, que prometeu “todo o empenho” para descobrir se há petróleo comercialmente viável na margem equatorial brasileira, que é a região que vai da costa do Amapá até o Rio Grande do Norte.
Prates acrescentou ainda que nunca houve vazamento em poços exploratórios feitos pela estatal, mas ponderou que na produção de petróleo esse tipo de ocorrência é possível. “Isso está sujeito a vazamento, em todas as empresas tem isso. A Petrobras tem histórico baixo de acidentes e incidentes de vazamento de petróleo”, completou.
Contudo, Prates lembrou que a região que a estatal quer perfurar fica a 170 quilômetros da costa do Amapá e a 580 quilômetros da foz do Amazonas. “Inclusive no processo de licenciamento isso está dito, que a possibilidade do óleo eventualmente vazado num sistema de produção, não de perfuração, encostar na costa é muito remota, muitíssimo remota, porque as correntes marítimas, ventos, tudo leva para o lado de Barbados [país do Caribe]. Isso não quer dizer que não temos que tomar cuidado, evidentemente”, concluiu.
Exploração e produção
Prates diferenciou a licença ambiental pedida pela Petrobras, que é para descobrir se há ou não petróleo na região, de uma futura licença para produzir o óleo. Caso descubra petróleo na região, será necessário fazer uma análise para saber se esse óleo é comercialmente viável.
“Aquela descoberta pode não ser comercial, tem no meio uma avaliação econômica”, explicou Prates, que lembrou que é preciso construir a infraestrutura para produzir petróleo em escala comercial. “Estamos falando aqui de pelo menos cinco a oito anos para ter o primeiro óleo nessa área se a gente receber a licença nesse ano ou início do ano que vem”, completou.
Transição energética
Prates defendeu que a transição energética deve ser financiada pela exploração de petróleo. Segundo ele, a transição para uma economia com menos queima de combustível fóssil será lenta, devendo demorar uns 50 anos. Com isso, o presidente da Petrobras discordou do movimento internacional Just Stop Oil (Apenas Pare o Óleo, em português). Esse grupo defende a proibição de toda e qualquer nova licitação de exploração de petróleo para forçar uma transição energética mais rápida.
Para Prates, a transição energética não é ruptura energética. Ele criticou a tentativa de se proibir a exploração de petróleo em determinas áreas para acelerar essa transição. “A transição energética para empresa de petróleo é uma metamorfose ambulante, tem que investir em petróleo para pagar a transição energética”, defendeu.