Ação ocorreu no auditório do hospital e integra o 1º Ciclo do Curso de Comunicação de Más Notícias
por Neide Brandão / Ascom Sesau
Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes, destacou a importância do Curso sobre Notificação de Más Notícias – Foto: Carla Cleto e Neide Brandão / Ascom Sesau
Profissionais do Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, participaram do curso Comunicação de Más Notícias. A ação, promovida pela Central de Transplantes de Alagoas, foi realizada nesta sexta-feira (18), e ocorreu no auditório da unidade hospitalar.
A assistente social Teresa de Lisieux Ferro, que ministrou o curso, ressaltou que qualquer informação que possa afetar seriamente, de forma negativa, a vida do indivíduo ou da sua família, é considerada uma má notícia. Entretanto, segundo ela, a forma como é realizada a comunicação de uma notícia difícil terá repercussão na relação entre profissional, paciente e familiar.
Ela ressaltou, que o modo como uma notícia difícil é repassada, influenciará no enfrentamento e compreensão do adoecimento, no processo de tratamento e no grau de sofrimento dos envolvidos. “Essa comunicação pode ser melhorada pela compreensão dos aspectos subjetivos envolvidos e de sua abordagem como um processo passo-a-passo, aplicando-se princípios bem estabelecidos de comunicação e aconselhamento”, orientou Teresa de Lisieux Ferro.
Protocolo SPIKES
Entre as sugestões para comunicar más notícias, Tereza de Lisieux Ferro ressaltou o uso do Protocolo SPIKES, que sugere que se tente desenvolver, ao escutar as pessoas, a percepção do que o outro quer saber, até onde ele quer que dê a notícia, até onde ele quer que vá. “Nem sempre a informação precisa ser tão detalhada, pequenos detalhes em excesso não são necessários, mesmo se passando todas as informações”, salientou.
Ainda de acordo com a assistente social, no momento de comunicar uma má notícia, é importante identificar quem será o melhor interlocutor para isso: o pai, a mãe, o marido, a esposa. Isso porque, conforme Tereza de Lisieux Ferro, já houve casos em que a pessoa a ser abordada não quer saber sobre determinado assunto e pede para que os profissionais conversem com outra pessoa da família. “Mas, de fato, como é que a gente vai saber o impacto? A gente avalia isso falando aos poucos, empaticamente e, se a pessoa tiver uma reação muito forte, talvez seja o momento de recuar, deixá-la com acolhimento, deixá-la falar e marcar um novo encontro”, orientou.
Entretanto, existem algumas estratégias para isso, segundo detalhou Lisieux. Primeiro, é necessário saber o que irá comunicar. “Isso porque, às vezes, na correria do dia a dia, somos ‘jogados’ para dar alguma informação sem sabermos realmente qual informação vamos passar”, alertou.
De acordo com a especialista, é preciso parar, rever e olhar os exames, caso necessário. “Se não sou eu que estou a frente desse caso mais diretamente, tentar conversar com o profissional que está, olhar o prontuário, saber da família, ter ciência se há algum psicólogo atendendo, saber quem é, e se auto avaliar: como estou me sentindo para dar a notícia? Também é importante chamar o psicólogo para acompanhar essa comunicação, ou a assistente social, dependendo do caso”, recomendou.
Por fim, conversar de maneira calma, tentando não transmitir ansiedade, segundo especificou Lisieux. “Vale a pena também pedir para eles falarem um pouco e, com isso, acrescentar a informação necessária e acolher as reações deles, como raiva, silêncio, entre outras. Não há apenas uma estratégia, mas um conjunto de situações importantes”, observou a assistente social, acrescentando que comunicar é se relacionar com o outro de modo a realizar habilidades e técnicas relacionadas à comunicação verbal e a não verbal.
Nova Turma
Na próxima quarta-feira (23), o HGE irá promover uma nova edição do curso, contemplando outro grupo de profissionais, segundo informou a coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos. “Nós, que trabalhamos com doações de órgãos, vivemos dia a dia essa rotina de primar pela forma mais eficaz de se comunicar com os familiares do possível doador. Neste curso, não direcionamos, especificamente, para esta questão, pois fazemos algo mais abrangente, voltado a todas as áreas”, explicou.
O secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Pontes de Miranda, pontuou que o curso Comunicação de Más Notícias é fundamental para todos os profissionais de saúde, principalmente aqueles que atuam em unidades como o HGE e a Central de Transplantes. “Como trabalhadores da saúde e atuando em unidades de emergência, diariamente nos deparamos com situações onde temos que comunicar diagnósticos que não são positivos. O que para o profissional da saúde é algo corriqueiro, para o paciente ou familiar não é. Portanto, é necessário seguir técnicas de comunicação, com foco na humanização, para repassar estas informações”, salientou o gestor.