Reincidência criminal é inferior a 5%; Alagoas é único Estado com unidade modelo em gestão prisional
“Creio na ressocialização, antes de vim para cá eu não acreditava”, comenta Rogério Wanderley, agente penitenciário que trabalha no Núcleo Ressocializador da Capital (NRC) desde a sua inauguração, em agosto de 2011. O modelo de gestão prisional desenvolvido na unidade pela Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social (Seris) mudou sua perspectiva sobre a profissão e a importância do seu trabalho.
“Não tinha como [crer na ressocialização], achava que estávamos aqui simplesmente para punir. O Núcleo é uma oportunidade que temos para mostrar um trabalho inovador e eficaz”, afirma o profissional, que antes de ir para o NRC, trabalhava na escolta e remoção dos apenados.
A unidade prisional tem sua metodologia de atuação baseada nos Módulos de Respeito, preza pelo diálogo, transparência e honradez. A unidade é a única do país tem essa metodologia, inspirada em uma experiência realizada em Leon, na Espanha. Com menos de 5% de reincidência criminal, o NRC atende as determinações da Lei de Execuções Penais (LEP).
Para o chefe da unidade, Élder Rodrigues, é justamente a aplicação correta da LEP que possibilita o sucesso do projeto. “A lei diz que temos que dar oportunidades e elas são dadas aqui. Eles trabalham e estudam, além de participar de cursos profissionalizantes. Se dermos condições aos internos e servidores, a ressocialização acontece. O Núcleo é a prova disso”, afirma.
Diálogo como ferramenta de transformação
“Muitas vezes o trabalho do agente penitenciário é colocado de uma forma negativa para a sociedade, como alguém que está para punir. O Núcleo mostra exatamente o contrário disso. Aqui trabalhamos com a arma mais letal que a gente tem: a caneta. Aqui nunca punimos de forma mais enérgica, sempre fomos obedecidos através do diálogo. Isso é extremamente importante”, completou Wanderley.
Conquista profissional
Rogério Wanderley explica que o respeito entre os agentes penitenciários e internos é imprescindível. “Um interno comentou outro dia que esse trabalho faz com eles tenham consciência para construir um futuro promissor. Sabemos que nem todos desejam mudar de vida, mas é preciso dar oportunidade para quem quer”, afirmou.
Hoje, o agente penitenciário afirma não enxergar mais o sistema prisional sem o Núcleo Ressocializador. “Mostramos para sociedade que somos capazes de fazer muito mais do que ‘bater grade’. Muitos pensam que o agente penitenciário é opressor. Quando na verdade somos agentes ressocializadores”, completou o gestor da unidade, Élder Rodrigues.