Do diagnóstico à reabilitação, fonoaudiólogos são essenciais no desmame de sondas e na procura por alternativas que contribuam com a alimentação
A filha de Tawane Maria Oliveira tem apenas cinco meses e foi internada no Hospital Geral do Estado (HGE) com hidrocefalia, doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de líquido cefalorraquidiano dentro do crânio, que leva ao inchaço cerebral. Na enfermaria pediátrica, a pequena conta com o serviço de vários profissionais da saúde, mas foi com a fonoaudiologia que ela aprendeu a se alimentar adequadamente pela boca.
Até pouco tempo o HGE não contava com uma equipe de fonoaudiólogos. Segundo a coordenadora Ana Paula Cajaseiras, somente em 2013 o maior hospital público de Alagoas passou a contar com o empenho de duas profissionais. Este ano, três já assistem aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), com possibilidade de mais avanço em recursos humanos e estudos.
“Nós estamos espalhadas pela pediatria, unidade de AVC [Acidente Vascular Cerebral], área verde [enfermarias] e contribuímos com a Unidade de Terapia Intensiva [UTI] geral e pediátrica. Quando necessário, também atendemos o chamado de outras áreas, mas em nossa rotina são mais comuns esses setores”, relatou à coordenadora.
Fabiane Meneses e Paula Nadarf são as outras fonoaudiólogas do HGE, elas explicam que a atuação da equipe inicia no diagnóstico e vai até a reabilitação. “Nós avaliamos cada caso para melhor aplicar técnicas que recuperem as funções de deglutição, fala e orofacial. Somos essenciais no desmame de sondas e na procura por alternativas que ajudem na alimentação; por este motivo atuamos em parceria direta com a nutrição”, aclararam.
Para se ter uma ideia da importância desse serviço, a pediatra Ana Carolina Ruela Pires argumenta que, sem a avaliação do fonoaudiólogo, há enfermos que desenvolvem outras doenças, como a pneumonia aspirativa, ou são submetidos a uma gastrostomia, procedimento cirúrgico que fixa uma sonda alimentar no estômago, não necessitando que o alimento passe mais pela cavidade oral.
“É impossível trabalhar com qualidade uma pediatria sem o fonoaudiólogo. Sua atuação equipara-se com a do fisioterapeuta, por exemplo. A fonoaudiologia é fundamental para a recuperação de nossos clientes; e quanto mais intensa a intervenção, melhor o resultado”, defende a médica.
É o que confirma Tawane, de 19 anos, que desde os últimos três meses tem se doado para melhor proporcionar qualidade de vida a sua filha. “É a minha primeira descendente. Cheguei ao hospital com ela muito mal, sem se alimentar, e agora ela já até suga o leite da mamadeira. Estou confiante no trabalho de toda a equipe que está assistindo minha bebê e já estou orientada para continuar com os cuidados quando tivermos alta hospitalar”, disse.