Por Leiliane Lopes
Legenda: Sexóloga apresenta questões sobre como falar de sexo para os filhos respeitando os princípios de cada família | Foto: Pexels
A internet é hoje o principal local onde as mulheres cristãs aprendem sobre educação sexual. Esta foi a resposta de 71,29% das entrevistadas pela pesquisa inédita realizada pelo Benditas Blog e Invisible College.
Um dado importante é que apenas 24,01% aprenderam com a família e 14,79% com a igreja. Outros locais para aprender sobre o tema são: consultas médicas (30,48%), amigas cristãs (28,02%), amigas não-cristãs (20,8%) e literatura especializada (22,44%). Cada participante poderia indicar mais de uma resposta, por isso o resultado dessa questão ultrapassa 100%.
Perigos da internet
A sexóloga cristã Virgínia Pelles vê com preocupação essa busca das mulheres cristãs por aprender assuntos íntimos na internet. “Essa pessoa que está ministrando o assunto tem os mesmos valores que você?”, questiona ela.
A profissional entende que, da mesma forma que os pais vigiam o tipo de conteúdo que os filhos estão consumindo na internet, as adultas também precisam parar para pensar se estão sendo levadas por “influenciadores” que possuem um estilo de vida diferente ou até conflitante do seu.
Afinal, qual é o melhor lugar para aprender sobre o tema?
Cecilia Reggiani, uma das responsáveis pela pesquisa, declara que a Igreja deve abordar todos os assuntos. “É papel da igreja abordar tudo aquilo que a Bíblia aborda, e isso inclui a integralidade da vida de seus membros. É impossível remover a sexualidade de uma boa teologia e cosmovisão”, diz.
Quem também acredita que a Igreja deve se abrir para ensinar sobre o assunto é a fisioterapeuta e sexóloga Virgínia Pelles. Para ela, o segundo melhor lugar para receber educação sexual é a igreja e o primeiro é a família.
“O melhor lugar para aprender seria em casa, com os valores e princípios de cada família”, diz ela. “O segundo melhor lugar para aprender sobre isso é na igreja”.
Por que a família falha em ensinar seus filhos?
Como sexóloga, Pelles atende muitas pessoas que só conversaram com os pais sobre sexualidade depois que passaram pelo divórcio.
Para ela, há vários fatores que impedem a falta de abertura para discutir e ensinar esse assunto aos filhos, como a falta de conhecimento, preconceito e a religiosidade.
“Muitos pais não tiveram orientação nenhuma, como é que eles vão saber orientar?”, questiona. “Outros erram porque passaram por traumas ou abuso e isso nem está resolvido dentro deles. Como vão conseguir ensinar seus filhos?”.
O problema é que não falar sobre o assunto resulta em gerações de adultos sexualmente frustrados. “Quantos casais não conseguem falar sobre sexo entre eles, com quem têm intimidade, como é que vão falar isso com seus filhos? O problema é que isso faz com que as crianças aprendam na rua, com qualquer pessoa”.
Uma solução seria encontrar profissionais especializados para tratar sobre o assunto primeiramente com os pais. Hoje, temos inúmeros profissionais cristãos com especialização na área sexual.
O ideal é que os pais busquem uma sexóloga que tenha as mesmas crenças que eles, assim poderão aprender e então ensinar seus filhos. O mesmo vale para líderes religiosos que precisam se aprofundar sobre o assunto para então levar a educação sexual para dentro das igrejas.
Caso de abusos é impedimento para tratar do tema
De acordo com a pesquisa do Benditas Blog, 18,92% das entrevistadas sofreram violência sexual. Destas, 55,53% foram abusadas por pessoas conhecidas.
Sendo amigos (33,17%), educadores (8,06%), familiar (7,45%), chefe/colega de trabalho (5,03%) e líderes religiosos (3,77%) os que mais cometem violência sexual.
Para Virgínia Pelles, o fato de muitos abusos acontecerem dentro de casa dificulta que a família fale sobre o tema.
Como os pais devem falar sobre educação sexual com os filhos?
Respeitar a idade de cada criança é a dica dada pela sexóloga. Os pais precisam falar de uma forma que os filhos consigam compreender.
“Temos que entender o limite e o interesse de cada criança”, diz ela. Pelles desenvolveu uma forma eficiente de falar com seus filhos respondendo uma pergunta com outra, para perceber o que eles já sabem sobre o que estão questionando.
“Eles me perguntam, por exemplo, ‘o que é isso?’ e eu respondo o ‘que você acha que é?'”, assim ela consegue criar um diálogo mais aberto.
E por falar nisso, a sexóloga ensina que os pais jamais devem mentir e devem acompanhar o crescimento dos filhos para falar sobre as mudanças do corpo, gravidez, e todos os outros assuntos que envolvam a puberdade.