Observatório contribui para a iniciação científica de estudantes da rede estadual
por Camylle Vitória e Ana Paula Lins/Ascom Seduc
São diversas ações idealizadas em prol dos alunos pelo Observatório Genival Leite Li – Foto: Alexandre Teixeira, Thiago Athaíde, Valdir Rocha e Ana Paula Lins / Ascom Seduc
Desde criança, Adriano Aubert tinha um fascínio pelo céu e pelos mistérios do universo. E a curiosidade em compreender o desconhecido o levou a desenvolver o interesse pela física e pela astronomia, ciências que definem sua trajetória profissional. Formado em Física e Mestre em Meteorologia pela Ufal, ele é professor da rede estadual desde 2001 e sempre transmitiu suas duas paixões a seus estudantes.
Em 2004, teve uma ideia ambiciosa e que mudaria a sua vida e o futuro de muitos jovens: criar um observatório astronômico dentro do maior complexo educacional do estado, o Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (Cepa). O espaço, que seria inaugurado cinco anos depois, é hoje uma referência na difusão da ciência e da astronomia em Alagoas: com 15 anos de existência, o Observatório Astronômico Genival Leite Lima (OAGLL) é um vetor para que os alagoanos descubram os mistérios do universo. Nesta matéria especial em celebração aos 15 anos do observatório, vamos conhecer um pouco mais sobre o espaço, as atividades que desenvolve e as vidas que foram impactadas por ele.
Início das atividades
A inauguração do espaço marcou o início de uma nova era: o observatório abriu suas portas ao público e começou a implementar uma série de atividades, incluindo exposições, cursos de astronomia e observações abertas a todos. O seu nome é uma homenagem a um dos pioneiros da difusão da astronomia em Alagoas e fundador do Centro de Estudos Astronômicos de Alagoas (CEAAL), professor Genival Leite Lima. Dois parceiros tiveram papel fundamental para enriquecer a oferta de atividades: o próprio CEAAL e a Usina Ciência, da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
O sucesso inicial do observatório levou a mais avanços. Em 2011, a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) adquiriu um planetário digital móvel, permitindo levar o universo para um público ainda mais amplo. Por se tratar de uma estrutura itinerante, o planetário possibilitou a disseminação do conhecimento astronômico em diversas localidades.
“Temos uma série de ações no Observatório. Desde 2009, às terças, quintas e sábados, das 19h às 21h, temos observações públicas com telescópios abertas ao público. Outra ação são os cursos de fundamentos de Astronomia em duas versões: uma para estudantes e aficionados e outra para professores, ambos gratuitos e com carga horária de 20h. Já o curso de Iniciação Científica em Astronomia, o IniCiA, possibilita aos estudantes do ensino médio desenvolver uma pesquisa nos moldes acadêmicos, de Astronomia, o que nos rendeu bolsas do Pibic-Jr da Fapeal. Fomentamos ainda os clubes de astronomia nas escolas e, atualmente, já são 14 clubes em funcionamento espalhados em todo o estado. E não podemos esquecer de duas atividades itinerantes, muito importantes para o OAGLL: Observações Vespertinas da Lua, as OVL e as Observações do Sol, as OS. Ambas consistem em levar um telescópio para a escola e, junto à comunidade, realizar a observação desses astros. E, claro, sempre realizamos eventos especiais como a Semana Valentina, que destaca a contribuição feminina para a astronomia e astronáutica e a Semana Mundial do Espaço”, enumera Adriano, que é coordenador do observatório desde a sua fundação.
A pandemia trouxe desafios inesperados ao observatório, interrompendo as atividades ent presenciais entre 2020 e 2021 e forçando uma adaptação. Com o retorno gradual à normalidade, surgiu a oportunidade de transformar uma das salas do espaço em um planetário fixo.
Vidas transformadas
Alagoana radicada em São Paulo há dez anos, a pesquisadora Kizzy Resende testemunhou o nascimento do observatório. Aluna de Adriano na Escola Estadual Nossa Senhora do Bom Conselho, ela participou, em 2006 e 2007, de dois projetos que despertaram sua paixão pela astronomia: “Descobrindo o Universo” e “Fazendo Ciência na Escola”, os quais incluíam pesquisa científica, observações celestes e atividades formativas, preparando os alunos para eventos científicos. Ela também trabalhou como voluntária nos primeiros anos de existência do OAGLL.
A participação nos projetos e as atividades do observatório foram cruciais para a decisão de Kizzy de seguir carreira na pesquisa, ensino e divulgação científica. Após concluir a graduação em Geografia na Ufal, com um trabalho relacionado à astronomia, ela fez mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo (USP), focando no ensino de astronomia e educação geográfica. Trabalhou em vários planetários e centros de ciência, ganhando valiosa experiência.
Para Kizzy, o OAGLL é essencial para a educação em Alagoas: “Considero o Observatório Astronômico Genival Leite Lima uma instituição extremamente valiosa e cujas realizações ao longo dos últimos 15 anos contribuíram para a educação do povo alagoano em diversas frentes, ampliando experiências e apresentando possibilidades de se entender cientificamente a realidade onde se vive a partir dos encantos que a natureza oferece. Projetos como o IniCiA e o Clube de Astronomia, por exemplo, proporcionam uma preparação dos estudantes do ensino médio para os desafios da vida acadêmica a partir da iniciação à pesquisa científica”, avalia.
Outro pupilo inspirado por Adriano é o professor Genisson Panta. Assim como Kizzy, ele também foi voluntário no OAGLL e cursou o IniCiA quando ainda era estudante de ensino médio da Escola Estadual Afrânio Lages, no Cepa. E hoje segue os passos do mestre fomentando a pesquisa junto aos alunos da Escola Estadual Professor Edmilson Pontes, onde leciona Geografia.
“Recebi ano passado o Prêmio Aziz N.Ab’Saber de melhor dissertação em Geomorfologia do Brasil. E minha pesquisa foi quantitativa, um traço na minha carreira acadêmica que veio do projeto de iniciação científica do OAGLL. Adriano é um professor fantástico, que ensina por meio da pesquisa e experimentação, o que é fundamental para nutrir a curiosidade e descobrir talentos”, destaca Genisson.
Perseverança de um sonho
Hoje, o observatório não é apenas um local de observação do céu, mas um símbolo de perseverança, inovação e dedicação à educação científica. Uma instituição que é testemunho do impacto duradouro que a paixão pela ciência pode ter na vida das pessoas e na comunidade educacional.
“Um Observatório Público em um conjunto escolar é um projeto que é pioneiro no Brasil, uma preciosidade que, há 15 anos, tem transformado vidas” frisa Adriano.
O trabalho frente ao OAGLL rende reconhecimento e admiração em todo o estado. Recentemente, Adriano foi um dos agraciados com o prêmio “Professor de Impacto”, honraria concedida pelo Trakto Show – um dos maiores eventos de marketing e negócios do país – que reconhece educadores que se destacam pelas suas metodologias de ensino que fomentam a inovação e criatividade, sendo referência e inspiração para seus estudantes.