Coletânea ‘Fazendo as Contas: o Erário e o Bicentenário’ reúne relatórios de Graciliano Ramos e pesquisas de George Santoro sobre empréstimo externo feito pelo Estado, em 1905
Que o escritor Graciliano Ramos é um dos nomes mais importantes da literatura nacional, isso todo mundo já sabe. Basta analisar o impacto dos escritos do autor quebrangulense, mesmo após sua morte, a exemplo de ‘Vidas Secas’, clássico publicado em 1938. Porém, sua atuação na política também merece o devido destaque.
Na primeira edição do Prêmio de Finanças Públicas Graciliano Ramos, a Secretaria de Estado da Fazenda de Alagoas (Sefaz/AL) se voltou para a faceta política do escritor. É que, até quando foi prefeito de Palmeira dos Índios (1927- 1930), Graciliano arrumou um jeito de entregar poesia e arte. Seus relatórios de prestação de contas causaram rebuliço. Crítico, apaixonado, realístico, ele transformou sua rotina em um meio para defender o correto, o justo.
No âmbito da solenidade que premiou os melhores Artigos Técnicos e Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) inscritos, a Sefaz lançou o box ‘Fazendo as Contas: O Erário e o Bicentenário’, uma espécie de homenagem aos 200 anos de emancipação e uma forma de tornar ainda mais conhecida a rica história que Alagoas tem. A impressão foi assinada pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos.
No projeto, três livros reúnem dados históricos sobre as contas públicas do Estado: ‘O Empréstimo Externo de Alagoas’, de Affonso de Carvalho e Silvestre Péricles; ‘Cem Annos de Economia e Finanças de Alagoas’, de Dr. Leite e Oiticia Craveiro Costa; e, por último, ‘Relatórios de Gracilianos Ramos”, que traz os relatórios publicados no Diário Oficial do Estado. É nesse volume de pouco mais de 40 páginas que o ‘Mestre Graça’ nos presenteia com uma escrita implacável e verdadeira.
Segundo o estudioso Marcos Lisboa, que assina o prefácio do livro publicado pela Sceretaria da Fazenda, a gestão pública no Brasil teria percorrido outros caminhos caso outros administradores tivessem seguido o exemplo de cidadania de Graciliano ainda naquela época.
“Em 1936, o ex-prefeito de Palmeira dos Índios foi preso. Não deve ter sido surpresa. Afinal, o servidor público que exalava democracia e cuidado exasperado com a coisa pública era a antítese do autoritarismo patrimonialista em vigor”.
Já em ‘O Empréstimo Externo de Alagoas’, o próprio secretário de Fazenda, George Santoro, assumiu ares de investigador e caça-tesouros para esmiuçar a história por trás do empréstimo externo que o Estado firmou com França e Inglaterra, em 1905.
Para o governador Renan Filho, o resultado dessas pesquisas é um livro de enredo fantástico. “Surpresa terá o leitor, ao acompanhar os incríveis caminhos e descaminhos percorridos pelo espertíssimo negociador e pela fortuna emprestada ou pelo que restou dela.”
Para concluir a tríade sobre o desenvolvimento econômico de Alagoas, o livro ‘Cem Annos de Economia e Finanças’ se debruça sobre toda a formação e consolidação de independência construída em duzentos anos.
“Sem a leitura dos períodos anteriores de nossa economia é impossível entender a realidade atual. E sem o acesso aos documentos e estudos da época fica muito mais demorada essa tarefa. Esse livro é um primeiro passo”, explica o economista e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Cícero Péricles.
E fica, então, o convite. Aprendizado e reflexões sobre a realidade regional esperam por leitores. O box pode ser adquirido no site da Imprensa Oficial http://www.imprensaoficialal.com.br/