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Cacá Diegues: “Eu nunca fiz nada que eu não queria”

Cineasta brasileiro deixa “Deus ainda é Brasileiro”, seu 21º longa-metragem, ainda inédito

por Carlos Nealdo / Agência Alagoas

Cacá Diegues: “Deus não desistiu não Brasil porque eu ainda não desisti” – Foto: Fotos Públicas

O cineasta alagoano Cacá Diegues tinha uma maneira especial de trabalhar. Levou 20 anos para fazer “Quilombo”, de 1984 e diz que “Orfeu” (1999) levou muito tempo para ser feito. Tudo no seu devido tempo, segundo ele.

“Eu nunca fiz nada que eu não queria. Também tem muita coisa que eu queria que não fiz. Tem vários projetos que eu não sei se quero fazer, porque também não fico alimento esses projetos a vida toda”.

O cineasta deixou um filme pronto, o 21º longa-metragem da sua carreira. “Deus ainda é Brasileiro” – ainda sem data de estreia – é um de Spin-Off (termo utilizado para designar aquilo que foi derivado de algo, sem necessariamente ser uma continuação dele) de “Deus é Brasileiro”, de 2003.

A ideia para o longa surgiu durante a pandemia de Covid-19. “Terminei o roteiro em plena pandemia, mas não tinha como filmar, porque poderia matar toda a minha equipe”, diz.

Para contar a história de “Deus Ainda é Brasileiro”, Cacá Diegues convidou o amigo de infância e escritor alagoano Carlito Lima, que assina o filme como co-roteirista. “Ele foi muito útil porque me ajudou muito no roteiro, me deu muitas ideias de personagens”, diz sobre o amigo, que flagrou o primeiro beijo da vida do cineasta, dado numa moça que ele não lembra o nome, no coreto da Avenida da Paz. “Até hoje o Carlito me sacaneia com essa história”, brinca.

Em 2003, quando lançou “Deus é Brasileiro”, então seu 16º longa-metragem, o cineasta alagoano retratou um Brasil feliz. Éramos a quinta maior economia do mundo e ainda nos orgulhávamos de ser o País do Futebol. Nem passava pela cabeça do mais pessimista dos brasileiros que seríamos derrotados pela Alemanha numa Copa do Mundo — disputada em casa — por um placar tão elástico. Tanta felicidade fez com que Deus escolhesse o país para encontrar um substituto. Afinal, ele queria tirar férias, e desejava que um brasileiro ocupasse seu lugar.

“De repente, ficou todo mundo triste, desempregado, sem dinheiro. Depois que o Brasil perdeu de 7 a 1 para a Alemanha, o que houve? Então, vinte anos depois, Deus vem ver o que aconteceu. Essa é a ideia do filme. Na verdade, costumo dizer que o filme é uma comédia cívica”, conta.

Cacá Diegues ressalta que, apesar das mudanças do país, o deus retratado no filme não desistiu do país. “Deus não desistiu não Brasil porque eu ainda não desisti. No fundo [o filme] é o meu interesse pelo Brasil, minha vontade de que o país dê certo”, finaliza.